História do Açude, povoado de Macaúbas, Bahia
Construção da barragem do Açude. Depoimento I: Sr. José Ângelo de Oliveira.
Eu me chamo José de Ângelo Oliveira, nasci 14 de setembro de 1915. Quando o trabalho da barragem do Açude começou, eu era rapazinho e trabalhei com dois carros de boi colocando terra. Colocava um metro de terra em cada carro de boi, mas os fiscais só pagavam 80 centímetros, o resto ele falava que era terra pobre. A vantagem de quem tinha boi e carro era que a terra já estava cavada pelos homens que vinham de todas os lugares, principalmente de rotas de Macaúbas onde a fome de 32 tava matando muita gente e por isso vinha muita gente daquela região para trabalhar, uns vinham com a família e moravam nas cabanas de palhas que era a casa da época, os solteiros construíram famílias casando com moças da região. Hoje vejo, muitas famílias construídas com pessoas vinda de Brotas.
Esse trabalho só começou em 1932, mas há muito tempo este projeto já existia na gaveta do governo federal. Lembro que assim que parei de trabalhar na construção por volta de 1935 fui para São Paulo, Araçatuba, interior e lá num movimento político tive a oportunidade de conversar com Getúlio Vargas. disse para ele que era e Macaúbas, para minha surpresa, ele disse que conhecia Macaúbas e que eu não tinha necessidade de vir procurar trabalho em São Paulo, que Macaúbas era muito produtiva e me falou da construção da barragem. Ele era um homem baixo, mas tinha autoridade quando falava, falou também do governo Juraci Magalhães, porque a obra era federal, mas o governo estadual tinha suas influências.
Lembro que em 1932 tudo aqui era atrasado, poucas casas, umas do lado de lá e outras do lado de cá, porque já existia uma pequena lagoa, chamava lagoa do Saco Grande, como eu ia dizendo tinha poucas casas, só que na época da construção, construía várias casas de palha que passou a chamar Rua da Palha, vinham comerciantes para fornecer os trabalhadores todos, era muitos quase três mil pessoas, fornecidos pelos comerciantes que confiavam nos dinheiros que vinha de mês em mês.
O problema é que o salário só dava para comer, não sobrava nada, esses comerciantes vendiam tudo muito caro e ficavam com o dinheiro, eu não conheço nenhum trabalhador braçal que tinha conseguido algum bem trabalhando na construção. A única vantagem é que vinham com fome de certas regiões e ganhavam pouco na verdade, mas dava para se manter e passar o tempo duro.
Essa barragem deu um problema na época do início porque os Borges, uma família poderosa que tinha a maioria das terras que iria ser tomada pelas águas e não tinha projeto de indenização e ela começou a brigar com o DNOCS a firma que tava construindo e foi em Salvador e fez a firma parar por um dia inteiro, quando saiu a sentença os Borges perderam e foram obrigados a pagar pelo dia que a firma ficou parada.
Fonte: Trabalho escolar de alunos da UNEB/Macaúbas.
Veja o vídeo gravado em 2012 e veja a cituação...
Veja uma pequena história contada em vídeo...
Hoemem pescando na Lagoa do Açude
FOTOS DO Açude, Macaúbas, Bahia
